O MÚSICO

Cesar Camargo Mariano, todos sabem, é um Super Músico.

E um amigo querido.

Quando eu era contratado da TV Record de São Paulo, tive a oportunidade de cantar com ele muitas vezes e, além da afinidade musical,desenvolvemos uma bela amizade.

Ele tocava mais constantemente com o Wilson Simonal, que era o grande sucesso da época e tinha uma agenda de shows sempre cheia.

Nós, Cesar e eu, sempre sonhávamos viajar fazendo shows pelo Brasil.

Infelizmente esse sonho não se realizou.

Ele foi um dos primeiros músicos no mundo a se modernizar, assimilando as novas tecnologias de som e as aplicando no seu trabalho.

Sua carreira no Brasil foi fulminante.

Todos os cantores queriam cantar com ele.

Ele tentava conciliar essa demanda com a sua carreira solo de músico brilhante.

E conseguiu.

Sua obra gravada ultrapassou os limites do bom gosto e atingiu fronteiras.

Isso o levou para os Estados Unidos, onde mora até hoje.

Quando a Polygran, resolveu gravar o CD “Casa da Bossa”- uma série de duetos com cantores de estilos diferentes, fui convidado a gravar minha canção “Pra você" com a Elba Ramalho.

O maestro responsável seria o Cesar.

A banda que iria nos acompanhar era formada, além dele ao piano, pelo Romero Lubambo ao violão, Carlinhos Bala na bateria e o baixista Nico Assunção.

Uma Super Banda.

Na hora da gravação, o Cesar me chamou num canto e me disse que gostaria de fazer o acompanhamento sozinho ao piano

Eu, entre surpreso e maravilhado, aceitei, é claro.

E assim fizemos.

O Cesar colocou todo o seu talento no piano e foi um momento de grande emoção para mim e para a Elba.

Não posso deixar de dizer que a Elba, mesmo interpretando uma música fora do seu repertório natural, “arrasou”. .

Depois da gravação, o José Milton, produtor do CD, com a cara mais triste do mundo, veio nos dizer que havia ocorrido uma falha técnica.

Foi uma decepção para nós cantores e para o Cesar, que tinha feito um acompanhamento perfeito.

Demos o nosso trabalho como perdido.

Mas o Cesar, com aquele seu jeito manso, disse: vamos gravar outra.

Gravamos.

A Elba repetiu a performance e o Cesar mostrou porque é um músico extraordinário.

Conseguiu se superar.

Hoje, sempre que eu escuto o CD me lembro desse dia e me emociono.

Outro dia, no estúdio Vison, em São Conrado, onde eu estava gravando o meu CD “Viagens Paralelas”, encontrei o Cesar, que viera dos Estados Unidos para uma gravação especial e ele me disse que, de vez em quando, lá na América,
escutava a nossa gravação e também se emocionava.

Como é bom ouvir isso de alguém que, além de um ser humano raro é

O MÚSICO

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