O APARTAMENTO ERRADO
No início dos anos 70 voltei a morar no Rio e um dos primeiros amigos que reencontrei foi o Paulo Silvino.
Nós nos conhecíamos desde antes de nos tornarmos profissionais do "Show Business".
Ele morava na Praça Antero de Quental, no Leblon, num apartamento no 6º andar - o 602, com a mulher e Flávio, seu primeiro filho, que era apenas um garotinho na época.
Ele, Flávio, mais tarde, iria abalar os corações das meninas, ao se tornar ator de novelas na TV Globo e teria uma carreira longa, não fosse as artimanhas do destino.
João e Belinha ainda não eram nascidos.
Uma noite, estávamos assistindo um jogo da seleção brasileira de futebol na TV e acabou a cerveja.
Descemos pra comprar mais e deixamos a porta apenas encostada.
Na volta, o elevador parou no 5º andar e nós, distraidamente, entramos no apartamento 502, que, por coincidência, também estava com a porta encostada.
Fomos entrando e quando chegamos ao meio da sala é que percebemos o erro. Uma família assistia o mesmo jogo.
Foi uma sensação horrorosa. Aquelas pessoas nos olhando incrédulas e nós ali parados, com as cervejas nas mãos, sem saber o que fazer.
Eu só pude gemer:- "Ih! Silvino, não é aqui!"
Ele ainda tentou consertar:- " Desculpem... mas quanto está o jogo?"
A família perplexa. Ninguém emitiu um som.
Viramos as costas e saímos correndo sem olhar pra trás.
Subimos as escadas às gargalhadas, mas com o coração na mão. , Somente quando entramos em casa e fechamos a porta é que pudemos relaxar e respirar aliviados.
E se fosse hoje?
Com o medo e a violência em toda parte, quem sabe o que poderia ter acontecido?
Felizmente, naquele dia, nada aconteceu e hoje posso relembrar e rir de uma situação absolutamente constrangedora.
Por isso, agora, quando vou abrir uma porta, dou uma boa conferida.
E sempre me lembro do meu querido amigo, que, hoje, deve estar fazendo todo mundo dar boas risadas céu
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