O grande escritor Carlos Castañeda, em seu livro “A Erva do Diabo”,
lista como quatro os inimigos do homem:
O Medo, a Clareza, o Poder e a Velhice.
Que me perdoe Mestre Castañeda,
mas não vejo a Velhice como inimiga
e, sim, como aliada.
Já escrevi antes, aqui neste espaço,
que o tempo é um amigo,
desde que nos harmonizemos com ele.
A Velhice tem suas perdas e seus ganhos:
Perdas:
Força física, cabelos, dentes ( se não cuidar ), audição, visão, memória...
e, às vezes ( por conta do destino ), câncer de próstata, alzheimer,
reumatismo, artrose, artrite, mal de Parkinson, bronquite, osteoporose...
E por aí vai.
Ganhos:
Inteligência, conhecimentos, experiência, respeito ( se fizer por merecer ),
sensibilidade, sabedoria, prudência, desapego às coisas materiais,
carinho dos netos ( quando os tiver ), escolhas, certezas, calma,
paciência ( muito necessária ) simplicidade, desprendimento...
E muitas outras coisas..
Os velhos podem olhar para trás.
Os jovens, para frente.
Os velhos são o passado.
Os jovens, o futuro.
O passado é uma certeza.
O futuro, uma incógnita.
Nas tribos indígenas tradicionais,
as crianças eram entregues aos mais velhos,
para que eles cuidassem delas e lhes transmitissem experiência e sabedoria
Os velhos sabem das coisas.
Pelo menos, deveriam saber.
Felizmente, a Ciência tem evoluído muito e,
hoje, a expectativa de vida aumentou.
As pessoas estão conseguindo envelhecer
mais saudáveis e mais jovens.
A velhice é uma experiência fantástica.
Menos para os rabugentos, revoltados, preguiçosos, teimosos,
antipáticos, avarentos, irracionais e arrogantes.
Esses serão punidos com o desprezo, a indiferença e a solidão.
Na velhice percebemos que muitos dos valores tradicionais desaparecem.
Por exemplo:
O dinheiro perde muito a sua importância.
A não ser para os remédios, é claro.
Mas isso, nos países civilizados, governados por pessoas sérias, não é problema,
porque o dinheiro da aposentadoria só é usado para os pequenos gastos pessoais.
Para o essencial, como saúde, escola ( para os netos ), transporte, segurança,
saneamento básico, etc. etc., os velhos não precisam do dinheiro.
O Governo providencia tudo.
Pra nós, brasileiros, isso é um sonho.
Até o amor, na velhice, é mais verdadeiro,
mais consciente, racional, paciente, definitivo.
Portanto, penso que o momento da velhice
é um momento mágico, aberto a muitas reflexões:
vamos reavaliar nossos erros e acertos.
Fazer do perdão e do otimismo, um caminho a seguir.
Desfrutar melhor da companhia das pessoas queridas.
Apreciar mais os velhos e os novos amigos.
Atenuar, com boas lembranças,
a saudade dos que se foram,
etc.etc.etc.
Finalmente,
vamos rir das piadas sobre velhos,
das situações bizarras e, às vezes, ridículas.
Sem constrangimentos, porque o mundo é um Teatro.
A vida, uma Peça.
E cada um de nós tem o seu papel a desempenhar.
Até o último ato.
Até o fechamento das cortinas.