ATORES
Eu sempre tive admiração e respeito pelos artistas de todas as áreas.
Tenho amigos e amigas em todas elas e quando estou “zapeando” no controle remoto da TV e aparece algum deles, eu paro o que estiver fazendo e assisto.
Sempre que sou convidado e estou disponível, vou a todas as estreias.
Entre tantos amigos artistas, quero confessar que tenho uma admiração especial pelos atores.
Acho incrível como eles conseguem se transformar em outra pessoa.
Eles encarnam os personagens e vivem suas vidas.
E nos convencem.
E nos emocionam.
Para ilustrar o que estou dizendo, quero contar uma pequena historia:
Uma noite, fui ao Teatro Ginástico, no Rio, assistir à peça “Conduzindo Miss Daisy”, direção de Bibi Ferreira.
No elenco, minha amiga e grande atriz Nathalia Timberg e os igualmente grandes
Milton Gonçalves e Reynaldo Gonzaga.
Os três, é claro, brilharam intensamente, mas há um momento que quero relembrar.
No final da peça, Miss Daisy, já velha e debilitada, está sendo alimentada pelo personagem do Milton Gonçalves, que coloca, delicadamente, o alimento em sua boca.
Nesse momento Miss Daisy morre.
Nathalia não move um músculo. Não emite nenhum som. Nem mesmo um leve suspiro. O Milton, a mesma coisa.
A plateia percebe na hora o que aconteceu e aplaude fervorosamente.
Do fundo do teatro, onde eu estava, vi ( e todos viram ) a vida de Miss Daisy se apagar nos olhos de Nathalia.
Cabe a pergunta::
Que poder é esse que os atores possuem para nos convencer e nos emocionar, mesmo quando sabemos que não é a vida real?
Depois do espetáculo, fui ao camarim abraçar minha amiga.
Quando entrei, ela estava removendo a maquiagem e, pelo espelho, não me reconheceu.
Virou-se e aí sim, viu que era eu.
Levantou-se e me abraçou com força.
E sussurrou ao meu ojuvido: Silvio, quanto tempo! Quanta vida!
E nesse abraço inesquecível compreendi toda a magia do Teatro
Quem me abraçou já não era mais Miss Daisy e sim minha querida amiga
Vida longa aos atores!