CARISMA
Quando o programa “Jovem Guarda” terminou, a TV Record de São Paulo lançou o programa “Roberto Carlos à noite”.
Na estreia, os convidados eram o figurinista Denner, o Pelé e eu.
Andando pelos bastidores, dei de cara com o Pelé.
Não sei dizer o que senti naquele momento, diante daquele " monstro sagrado ".
Fiquei sem fala.
Ele riu, me abraçou e disse: “Silvio, eu estava louco pra te conhecer”.
( Sem comentários ).
Algum tempo depois, o Wilson Simonal - um cantor extraordinário, que conheceu o céu por conta do seu imenso talento e desceu ao inferno por causa das armadilhas do destino - me ligou, disse que iria jantar com o Pelé e me convidou para ir com eles.
A Seleção de Futebol de 1970 – a melhor que o mundo já conheceu iria jogar no Maracanã.
Depois do jogo, a gente ia se encontrar com o Pelé e sairia com ele, para jantar.
Na saída do Maracanã, uma cena marcante:
Em direção ao estacionamento, Pelé, cercado de crianças ( parecia que ele usava uma saia de cabecinhas sorridentes ), ao passar por um dos porteiros chamou-o pelo nome e perguntou: “E a sua filha, resolveu aquele problema?
O outro respondeu: “Sim, seu Pelé. Muito obrigado pela ajuda”.
E o Pelé: “Que nada seu...( e repetiu o nome do porteiro ), foi um prazer.”
Passamos no hotel, pra ele trocar de roupa e antes de sairmos ele disse que queria me mostrar um samba.
Todo mundo sabe que ele sempre gostou de tocar violão e compor.
Na hora de mostrar a música, ele tremia como um principiante.
Até brinquei com ele: Você, nervoso perto de mim?
E ele: Cada um na sua, né Silvio?
Dali fomos para o restaurante, onde vivi uma experiência extraordinária:
Eu me senti invisível.
Ninguém olhava pra mim,
Nem para o Simonal, que estava no auge do sucesso.
Só olhavam para o Pelé.
Parecia que só havia ele no restaurante.
Nesse dia compreendi definitivamente o significado da palavra
CARISMA